English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

A viagem

A primeira viagem é como dar um tiro no escuro ou entrar na mata fechada sem saber direito o caminho a seguir, tudo sombrio e nebuloso. Na plataforma da estação o coração dá um balanço quando o trenzinho tocado a vapor apita lá na curva resfolegando e soltando fumaça pela chaminé. O maquinista toca o sino que badala em cima da fornalha, o trem pára tranqüilo, descem alguns passageiros, há uma troca de bilhetes num arco dependurado no beiral do telhado, o telégrafo não pára com seu tic-tac estralado e estridente, o maquinista dá umas pancadas com um martelo nas rodas quentes da máquina e dos vagões, a gente sobe pelos degraus de ferro agarrando com as mãos, os bancos são de madeira e podem ser mudados, um de frente para o outro. O trem apita, o maquinista apita, a máquina dá um assobio e partimos. E lá vai estação e mais estação e postes cruzando em velocidade pela janelinha. Um vendedor de revistas e jornais percorre os corredores gritando “O Cruzeiro!“, outro vende Guaraná Paulista, água mineral gelada, sanduíches de mortadela e queijo prato. O coração aperta, as luzes da cidade grande aparecem de repente e logo chegamos na estação assustadora, bela e brilhante com milhares de pessoas chegando e saindo e nós descemos, acompanhando a multidão.
Era o desconhecido.
Juvenil de Souza nunca atravessou o Equador.

Próxima crônica
Página Inicial