Todos carregavam um estilingue num dos bolsos e pedregulhos catados a dedo nas ruas sem calçamento no outro. O estilingue tinha que ser feito com uma forquilha de jabuticabeira - era a melhor, embora alguns fizessem de goiabeira - dois elásticos cortados de câmara de ar e atrás o courinho, que geralmente a gente tirava das botinas velhas de nossos pais. Martírio era conseguir o elástico.
Às vezes, o dono do posto nos dava um pedaço de câmara de ar que ele não usava mais e aí a dificuldade era cortar sem deixar “boqueira“. O jeito era apelar para os alfaiates que cortavam a borracha tesouras grandes, sem nenhum defeito.
Para caçar, saiamos para a matinha da Santa Rita, ali na entrada do Conde; Bosque do Delduque; bananal dos Titarelli, atrás da pracinha da Maria Pia e nas represas dos Matarazzo. Quem conseguia matar algum passarinho, fazia uma marca na forquilha. Aí a gente deixou de usar estilingue.
Muitos não, e continuaram suas caçadas, já com espingardas, cartucheiras, carabinas e hoje é o que a gente vê: aos poucos, vamos acabando com tudo. Até com os estilingues, com os quais os soldados embirravam e tomavam da gente no meio da rua.
Juvenil de Souza é contra
todo tipo de caçada. Acha que
os bichos devem ficar em paz.
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