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Bolinhos de chuva

A mãe fazia bolinho de chuva quando chovia e ninguém podia sair de casa para não pegar resfriado, bronquite, catapora e não correr o perigo de pegar um estupor ou sofrer um golpe de ar que matavam na hora. O bolinho era meio amarelado, quente e saboroso, coberto com grãos de açúcar cristal. Eram fritos no óleo quente numa panelona de ferro preta de tanto uso, fervendo sobre as labaredas do fogão a lenha onde a gente sentava olhando a lenha queimar e sentindo o calor gostoso. Eram retirados com uma escumadeira de cabo comprido, colocados na escorredeira de macarrão para escorrer o óleo, esfriar um pouco e levavam uma borrifada de açúcar cristal por cima. Depois eram colocados numa forma de assar bolo em cima de um papel marrom daqueles de
embrulhar pão. Era tudo medido - tantos bolinhos para cada um, pobreza repartida.
Também tinha leite na tigela de barro bem açucarado, com nata sobrenadando, gordurosa e meio amarelada.
A festa modesta acontecia sempre de tarde, o tempo de chuva escuro lá fora, a fumaça do fogão enevoando o ambiente, os vidros das janelas embaçados, cada um saboreando silenciosamente sua parte sonhando com milhões de bolinhos de chuva.

Juvenil de Souza pegou vírus de
computador e não há vacina para
velhinhos que acabe com eles.



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