English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

As folhas mortas

No final do verão, terminada a época das chuvas, as folhas começam a cair no chão morno do sol escaldante. Caem devagar como borboletas tontas e sem destino, levadas pelo vento suave da tarde de nuvens vermelhas no horizonte distante. Amarelo-pálidas, marrons, verdes, cinzentas, vão despindo as árvores de seu manto verde, um strip-tease natural, sem malícia e que se repete ano após ano. Deixam a gente lembrando a infância que se foi, a juventude colorida e muitas vezes desperdiçada em festas sem fim e sem sentido, o adeus dado na hora errada, o beijo na face da menina de sardas, o afago nos cabelos encachoeirados da morena cor de canela, a moça na janela olhando distraída para o nada, o trem que levou um amor infinito para longe, a carta não enviada, o amigo que morreu à toa, viagens adiadas e aventuras de amor que não aconteceram. Com a gente ou sem a gente, as folhas continuam a cair melancólicas e langorosas ao ritmo da brisa suave da tarde de calor.
Ébrias e já sem vida jazem no chão cumprindo o seu destino, como o nosso, que também é o de um dia jazer na terra para sempre.

Juvenil de Souza não sabe
distinguir as estações do ano.
Vive o dia como acorda. Se
triste, triste, se alegre, alegre.


Próxima crônica
Página Inicial