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Um amor fugaz

Acabado o baile ela brigou com o namorado e saímos juntos andando pela rua. Ela era linda, olhos verdes, um pouco molhados por causa do ex-namorado, lábios carmesim e cabelos castanhos.
O batom deixava entrever dentes alvos nos lábios carnudos entreabertos naquela fria madrugada. Uma lua branqueava a janela defronte ao portão, magnólias floresciam e adocicavam a bruma da noite com seu perfume incandescente.
Ficamos encostados no muro áspero de musgos verdes e, de repente, nos beijamos ternamente entre suspiros ardentes, mão entrelaçadas debaixo de um galho de jabuticabeira que saia atrevidamente para a calçada sobre o muro de tijolos frios e úmidos. Ela suspirava profundamente depois de cada beijo antevendo um adeus pontilhado pelo sino da igreja matriz lá longe, fim de uma noite-que-já-
era-dia, a estrela D'alva indo embora com a alvorada, o sol tingindo nuvens refletidas pelo olhar verde e límpido onde a gente mergulhava fundo, sem fôlego, com medo de não voltar nunca mais. Ficamos de mãos dadas, tentando reter mais um pouco aquele momento ardente encostados no muro que guardava a marca de nossos corpos entrelaçados, lábios entreabertos e salivantes.
Seu coração bateu forte, coberto pela pele fria e lívida com uma pinta negra entre os seios. A gente não quis se apaixonar nem ela. Foi um amor fugaz naquela noite fria perfumada pelas magnólias.

Juvenil de Souza conta histórias que nunca aconteceram.
Ou aconteceram?


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