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Tempo de quermesse

Era junho, frio de noites estreladas, lua solitária, a quermesse ofuscando com suas luzes. À noite crepitavam estrelas e, como um fogo fátuo, a lua iluminava o rosto da moça bonita. Os seus cabelos estalavam de brilho e cor entre o barulho.
Era como uma princesa daqueles filmes antigos. Tinha os olhos azuis prateados e ciciava com a voz rouca e macia - de longe a gente adivinhava a cor da voz, via os cabelos escorrendo para trás, amarelo-ouro como uma cachoeira borbulhante de um pequeno córrego e só olhava, timidamente.
Em certo instante de coragem e emoção, num esbarrão proposital, nossos olhares cruzaram, olho no olho, furacão armado, um estremecimento que subia ao peito, arrepio na pele, rubor nas faces, olhos ardentes, coração em chamas, o corpo a corpo na noite de estrelas azuis, todo aquele povo se empurrando e empurrando os dois no meio da quermesse girando. Depois do que pareceu um século a princesa loira e inacessível desviou o olhar e o corpo e desapareceu na poeira azul de estrelas crepitantes.
Só tornamos a vê-la anos depois num bar barulhento, de cabelos curtos e pintados, falando sem parar, a voz mudada. Não era mais a princesa loira que amamos louca e apaixonadamente naquela noite estrelada. Nem a gente era mais o mesmo. Por certo, ela não nos reconheceu e nunca mais a vimos.

Juvenil de Souza ás vezes temlampejos de memória, mas é tudo imaginação.

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