English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Tarde de verão

Uma corruíra assustada bica goiabas bichadas que se esborracharam no chão, o ar úmido é quente na tarde caindo. São as águas de março, a enchente das goiabas chegando quando as inocentes taturanas bezerra se escondem debaixo das folhas verdes esperando a mão incauta para inocular seu veneno dolorido e depois se transformar numa bela borboleta de todas as cores.
Os mandarovás comem as folhas de laranjeira deixando um cheiro azedo no ar, maritacas e periquitos atacam os milharais, é tempo de pouca fruta. O gado engorda ruminando o capim que cresce rápido.
É o fim da piracema, os peixes procriam aos milhares.
A chuva cai em trovoadas, é tempestade na certa. As andorinhas voejam catando insetos no ar, pardais sem graça acordam cedo ciscando na rua de paralelepípedos negros e escorregadios.
O sol arde na pele e nos olhos, as mãos ficam pegadiças de suor, móveis de madeira
estralam, a enxurrada corre na calçada, o córrego transborda no meio dos bambus e empoçam nas margens de areia.
É neste tempo que vem a lembrança dos tempos idos, de uma outra chuva, cabelos molhados escorrendo nos olhos, adivinhando lá detrás da vidraça a moça que olha distraidamente para fora e desenha um coração no vidro da janela embaçado pela água da chuva que cai aqui fora em nosso peito dilacerado.

Juvenil de Souza coleciona verões numa caixinha de bom parecer que não há carpinteiro que possa fazer.


Próxima crônica
Página anterior