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Primeira Comunhão

Era assim - para fazer a primeira comunhão tinha que freqüentar o catecismo, decorar orações e evitar as tentações do diabo. O diabo vivia no inferno e à noite vinha puxar os pés dos pecadores que não cumpriram com os deveres ensinados no catecismo.
Tinha os pecados veniais e os pecados capitais que não decoramos quais são até hoje. Para nós, pecado era pecado e pronto. Quando estava chegando o dia ensaiava pra não errar nada e agir muito certinhos. No ensaio, a hóstia não era benta o pessoal, disfarçadamente, dava uma dentadinha para sentir o sabor - tinha gosto de farinha seca e mais nada. Terno de linho branco e calças curtas, pronto para a cerimônia.
No sábado, tinha que confessar os pecados com o padre naquela janelinha estreita - poucos pecados - um roubo de fruta, uma olhada na perna da colega de escola, coisas pequenas que algumas Ave Marias de penitência absolveram.
No domingo tinha que ficar de jejum até a hora da comunhão, todos em fila para receber a hóstia das mãos do padre.
Mas foi aí, naquele momento grave e solene que o diabo tentou e cometemos o grande e maior pecado da vida - na nossa frente, a menina que também comungava mostrava, sem querer, os joelhos e um pedaço das coxas, despertando uma emoção que a gente não sabia o que era. Só soubemos depois.

Juvenil de Souza é um pecador,
mas não acredita em pecado.


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