English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Missas e passos de seda

Na Missa do Galo o padre cantava em latim e não se entendia nada. A igreja era quente demais e a molecada ficava do lado de fora, conversando baixo, olhando o movimento, as meninas que entravam e colocavam um véu nos cabelos, silenciosas, com passos de seda e delicadeza.
Quando a missa acabava, ficávamos por perto, sentados num dos bancos da praça, debaixo daquele caramanchão de primaveras, as meninas ainda davam voltas, agora sem véus a esconder a beleza, cada uma mais bonita e todas perdoadas de todos os pecados do mundo. “Agnus Dei que tollem pecata mundi miserere“, tinha cantado o padre e até nós, os moleques, estávamos limpos de todos os pecados, limpos e puros sonhando acordados com as moças de passos de seda no chão de ladrilhos do jardim, o céu sem nuvens brilhando de estrelas azuis e claras. Naquele tempo a gente ainda acreditava e esperava que uma daquelas meninas de passos de seda um dia fosse nossa...

Juvenil de Souza erra os
tempos e os sinais do tempo.


Próxima crônica
Voltar à página inicial