English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Em tempo de amora é que se namora

A colônia de Santa Rita ficava muito longe e para a gente chegar lá tinha que passar por um buracão, atravessar o córrego da Maria Baiana, cortar pelo bambuzal, subir o trilho de terra batida rodeado de arroz de bugre, picão e amor-seco, que agarravam nas pernas e bordas das calças, até chegarmos ao paraíso. Tinha a casa da sede onde moravam as meninas, mangueiras imensas verdejando o caminho sombreado que ia até o barracão imenso de telhado alto e paredes caiadas de branco onde eram criados os bichos-da-seda. Era ali que a gente passava as tardes que não acabavam nunca, olhando as meninas brincando na grama, às vezes dando milho às galinhas, correndo de um cachorro que as perseguia latindo e pulando de contente. Os bichos-da-seda comiam as folhas de amora nós comíamos as amoras, dizendo “Você gosta de amora? com a resposta: “Vou contar para seu pai que você namora”.
Trazia os bichos-da-seda para casa escondidos na concha da mão, dava folhas de amora e eles teciam sem parar até que finalmente se enfurnavam dentro dos casulos que eram de várias cores e eram jogados fora. Passou o tempo e ficamos para sempre no casulo, esperando contar um dia para o pai daquela menina-borboleta que a filha dela gosta de amora e a nos namora.

Juvenil de Souza é pastor
de nuvens que passam.



Próxima crônica
Página Inicial