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Descrição à vista de uma gravura

A professora pendurava uma gravura colorida e atraente no quadro-negro e a descontração era geral, como se fosse um meio-recreio. Na gravura daquele dia havia uma casa assobradada com alpendre, um riacho onde uma roda d’água tocava vagarosamente a roda mole de um moinho. As águas desciam lentamente entre as pedras e logo abaixo um menino de calças curtas,boné branco, descalço, sentado numa pedra áspera, pescava entre os patinhos que nadavam para cima e para baixo. Ao lado dele, de pé, braços cruzados, a menina de tranças e vestidinho curto mantinha os olhos para cima, como quem não acreditasse que ele fosse, algum dia, pescar um peixe.
As águas do riacho eram azuis e havia nuvens de todas as cores no céu, encimado por um arco-íris oval e intrometido. Do alpendre da casa uma senhora de vestido azul descia a escada rumo ao terreiro, como se fosse chamar as crianças para um lanche com bolinhos de chuva. A vida corria devagar e feliz, as árvores balançavam os galhos, lá longe uma vaga fumaça vertical anunciava a passagem do trem na curva da estação, o menino e a menina se olhavam na beira do riacho e a aula acabava. A gente se descrevia como o menino na beira do rio que, de repente, se levantava e dava um abraço e um beijo naquela menina de papel, parecida com a colega ao lado.

Juvenil de Souza sempre tirou
zero naquelas aulas. Talvez porque
sonhasse demais da conta.


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