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No trem, rumo ao desconhecido


Era de madrugadinha a gente ia pegar o trem, a malinha de papelão tinha duas camisas, três cuecas, duas calças, meias, escova e pasta de dente, três lenços, um paletó apertado herdado do irmão mais velho, chinelo de sola de couro, uma caneta tinteiro e o velho e inútil canivete Corneta. Na estação ventava e a blusa de lã que a gente usava era rala com alguns furos nos cotovelos e puída nas mangas. A espera foi longa, o trem nunca que chegava até que apontou na curva resfolegando e soltando fumaça pela chaminé. Da janela acenamos um adeus com a mão. A menina sentou-se na nossa frente ao lado da mãe. Nossos olhares cruzavam e ela, timidamente desviou a menina dos olhos para a paisagem que corria velozmente lá fora, postes e mais postes. Foram horas e horas frente a frente olhares de soslaio um para o outro no trem vagaroso que deixou a gente na estação desconhecida, pessoas desconhecidas, ruas desconhecidas, rumo ao desconhecido. Ela não se despediu e a gente seguiu pelas ruas desconhecidas sonhando canivetes, passarinhos e olhares verdes daquela menina dos olhos verde.
Juvenil de Souza descobriu que a palavra stress quer dizer stress...

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