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A moça fantasma no coche de prata

Isso foi há muito tempo, quando havia noites de lua, lobisomens e fantasmas nas ruas no meio da noite escura. A moça fantasma aparecia nos lugares mais inesperados - no pasto de vacas parindo, na cruz de madeira, na estação de trem, nas encruzilhadas, na torre da matriz. Diziam que aparecia no fundo do quintal do padre num coche de prata puxado por quatro cavalos brancos de crinas longas que relinchavam como gargalhadas. Era quase meia-noite de galos e grilos. O relógio da matriz começou a bater as primeiras horas. Ela chegou despenteada, sorriso branco, ofereceu a mão e subi no coche. O olhar fulminante fazia tremer. O vento parou de zunir, o céu escureceu sem estrelas, não se ouvia grilos e nem coaxar de sapos e rãs no córrego de água petrificada. Arfante, ela oferecia os lábios sensuais e molhados, os seios semimostrados tremelicavam, as mãos prometiam carinhos e mais carinhos.
A gente ouvia flores caindo no chão de terra batida e os cavalos resfolegando
como gargalhadas no deserto, tirando faíscas do chão de pedra lisa, silêncio de cemitério. Isso foi há muito tempo, quando havia moças fantasmas em coches prateados.

Juvenil de Souza não
acredita em fantasmas. Mas
que eles existem, existem.



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